Sua história como artista visual teve início como uma busca de expressão pessoal após anos de trabalho como designer e arquiteta em São Paulo, sua cidade natal e aonde atualmente reside, após ter vivido por breves períodos em Londres e Milão.
Durante um período emocionalmente desafiador, há cerca de dez anos atrás, Sílvia mergulha nas artes visuais em busca de distração e relaxamento. Nesse momento introspectivo, encontra conforto e bem-estar apenas dentro da sua própria casa. Para preencher seu tempo livre inicia então uma exploração pelo mundo das pinturas em tela, atividade que servia de entretenimento também para a sua filha mais nova, na época uma criança. Foi um momento especial para ambas, de acolhimento mútuo, que resultou em diversas obras de caráter recreativo e serviu como um primeiro passo na sua jornada artística.
O vidro foi sempre um elemento central na sua carreira profissional, na arquitetura, na construção civil e no desenvolvimento de peças decorativas e móveis de design. No entanto, utilizá-lo nas suas obras de arte se deu totalmente por acaso. Na sua fase de reclusão, ao perceber ter se esquecido de comprar telas para pintar no final de semana, resolve improvisar e utilizar como base para as suas pinturas algumas amostras de vidro que tinha em casa.
O resultado a surpreendeu, não apenas pelo brilho das peças, mas especialmente pela profundidade que as cores adquirem quando aplicadas no vidro. Desde então nunca mais utilizou outra base para pintar que não fosse o vidro. Através de pesquisas e diversas tentativas, a artista desenvolve uma tinta apropriada para o vidro e começa a fazer novos experimentos criativos, como a criação de obras bidimensionais, através da sobreposição de peças. Essas explorações utilizando o vidro permanecem no seu cotidiano, numa busca constante de novos caminhos criativos.
A estética equilibrada e previsível das listras tornou-se a ferramenta gráfica mais importante para canalizar sua avalanche de emoções, refletindo a sua necessidade de uma estrutura organizada em meio à ruptura que vivenciava naquele período de vida. O vidro serigrafado e seus padrões geométricos continuam a servir como base e guia para suas obras e até hoje e se tornaram o elemento mais marcante no seu trabalho como artista visual.
Desde o início dessa trajetória, cada obra se tornou um meio de explorar e reconfigurar os questionamentos da artista, convertendo inquietudes e incertezas em beleza estética e satisfação. Mais do que uma mera expressão, a arte se torna seu refúgio, onde encontra cura e renovação.